O que significaria a palavra raça? Qual a definição científica dessa palavra na zootecnia?
Seria uma padronização circunscrita por um modelo fenotípico morfológico, estabelecido por um isolamento geográfico, ou por uma pressão seletiva, determinada por uma associação de criadores?
Segundo o Dicionário Aurélio, trata-se de uma subdivisão de uma espécie animal. Segundo a Wikipédia, sinônimo das subespécies.
De acordo com um site de significados das palavras, a palavra raça vem do latim ratio, que quer dizer categoria. Dividir algo em raças é categorizar.
O conceito consagrado no senso comum universal a respeito das raças perdurou, tecnicamente, até o domínio da biologia molecular e genoma.
De fato não existe nenhuma norma para considerar categorias sistemáticas abaixo da subespécie. Não há uma linha estanque.
Mas vamos à origem disso tudo: quando surgiram as chamadas raças, na concepção que a nossa geração ainda tem como modelo mental e, das diversas espécies, sejam caninos, equinos, bovinos etc?
De uma forma geral, a partir dos séculos 18 e 19. Curiosamente, isso coincide com a formação dos estados nacionais, em um modelo mais próximo do que conhecemos hoje.
Foi uma era da humanidade de hipervalorização da uniformização e da representatividade nacional, seja por fronteiras mais demarcadas, por bandeiras, por raças de animais e, porque não, por raças humanas, como bem quis Hitler.
“Eugenia” é um termo criado por Francis Galton em 1883 e tornou-se o nome de uma controversa ciência relacionada ao melhoramento genético.
A palavra eugenia surgiu antes, inclusive, da palavra genética. Galton, que era primo de Charles Darwin, influenciou muito a concepção, formação e consolidação dos conceitos de padronização zootécnica, nas diversas espécies de animais domésticos no mundo, o que coincidia com um ideal geral de uniformidade reinante, em todas as outras áreas no senso comum universal da época.
A eugenia tomou sua face mais extrema com Hitler e, a queda do 3o Reich iniciou um efeito dominó nos diversos processos raciais pelo mundo, de maneira mais lenta ou mais rápida, dependendo da espécie e do país, sendo que, nas espécies utilitárias ocorreu de forma muito mais rápida e contundente.
Assim como outras raças e outras espécies, o Pastor Alemão foi objeto de um extremo trabalho eugênico, vindo a tornar-se um símbolo alemão, nos meados do século 20.
Aprenda tudo que você precisa saber sobre o comportamento canino | Clique AQUI
Contudo, qual seria a continuação disso e com quais finalidades? Até que ponto isso iria ou deveria ir?
O fato é que as finalidades foram perdendo-se em si próprias e, o que ocorreu em outras espécies, talvez estivesse por ocorrer agora na espécie canina, justamente em um momento de consolidação da padronização de toda uma “raça”, em escala mundial.
Veja agora: A história do cão Pastor Alemão
Mas vamos a fatos paralelos: qual a raça dos frangos que nós utilizamos na alimentação humana ou que produzem os ovos disponíveis nos supermercados? E dos suínos?
Quais as raças dos cavalos que disputam o hipismo nas olimpíadas?
Qual a raça dos cães da polícia holandesa? Sei que começo agora a mexer num vespeiro e, isso requer uma reflexão filosófica.
Nas galinhas existem as chamadas raças puras, citando alguns exemplos, a Leghorn, New Hampshire, Rhodes, Plimouth Rock, etc, mas que hoje se restringem a criadores românticos, em clubes que lutam para sobreviver e manter acesa a chama do purismo racial.
Não é segredo o fato de existirem cavalos olímpicos registrados em quatro diferentes stud books de quatro raças diversas, com a única finalidade de propiciar uma reprodução controlada e a propagação de suas qualidades; porém, qual a “verdadeira raça” de um cavalo assim?
A tendência do conceito de raça é entrar em declínio gradativo.
WorkShop do Aprendizado Canino | Clique AQUI e saiba tudo!